ASSIM É (SE LHE PARECE)

"Todos temos nossas fraquezas e é fundamental tolerarmos as dos outros."

Nem tudo é o que parece, mas o humor dá conta da farsa à sua maneira.

Sob direção de Marcos França, a turma BT49A faz sua estreia no palco do Espaço Sergio Britto investigando as fricções entre ficção e realidade.

A peça "Assim é (se lhe parece)", de Luigi Pirandello, gira em torno de um grande mistério. A chegada de três forasteiros – o Sr. Ponza, sua esposa e sua sogra, a Sra. Frola – desperta a curiosidade e a especulação de moradores. Os vizinhos descobrem que o Sr. Ponza mantém sua sogra isolada e mergulham em uma investigação obsessiva para descobrir a “verdade”.

Pirandello é considerado um dos dramaturgos que renovou a linguagem teatral no início do século XX e suas encenações são sempre marcadas pela originalidade.

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Com a palavra, o diretor

“Assim é (se lhe parece)” escrita por Luigi Pirandello em 1917 é, segundo o próprio autor, uma “farsa filosófica”. A trama conta a história da Família Ponza, que após um terremoto que devastou a aldeia em que viviam, muda-se para a Sicília, sul da Itália. A chegada dos novos moradores provoca uma comoção na cidade, que não entendem o porquê de mãe, filha e genro viverem em casas separadas. Como há duas versões em jogo, a cidade inteira põe-se a questionar qual a verdade daquela família. 

No entanto, a trama esconde uma questão filosófica que permeia toda a obra pirandelliana: um embate entre ficção x realidade. Pirandello sempre defendeu que seus personagens têm vida própria, sentimentos próprios e tudo o que um ator faz é condená-lo a ter uma vida fixa. Como diz o personagem do Pai em “Seis Personagens em busca de um autor”: “há seres vivos mais vivos que aqueles que respiram e vestem roupas! Menos reais, talvez, porém, mais verdadeiros.” Esse, portanto, é o paradoxo que Pirandello nos apresenta. Mostrar que a vida no palco pode ser tão ou mais real que essa que pensamos viver.”

Marcos França